quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LIVRO - CAPÍTULO 3

Capítulo 3 As bases históricas do subdesenvolvimento (II)
1-Capitalismo industrial, neocolonialismo e subdesenvolvimento
Indústria: fonte de riqueza
No século XVIII, a grande fonte de riqueza de uma nação não era mais o comércio, mas a produção (quantidade) de mercadorias.
Assim, começaram a substituir a manufatura para a maquinofatura. E isso foi possível graças a acumulação primitiva do capital em alguns países colonialistas. Entrava-se, nessa época, na Primeira revolução Industrial.
No século XIX, as técnicas de produção continuaram evoluindo. Desenvolveu-se a técnica de produção de energia elétrica; descobriu-se o aproveitamento do petróleo e de seus derivados; inventou-se a metralhadora; além de outras descobertas que fazem parte da Segunda Guerra Mundial.
O neocolonismo
Com o surgimento de concorrentes (outros países industriais), passou a existir também uma forte competição pela conquista do mercado externo entre as nações.
Para se defenderem da concorrência de produtos industriais estrangeiros, países adotaram barreiras tarifárias (taxas que tornavam mais caros os produtos importados.
Os capitalistas industriais passaram a considerar a Europa e seus próprios países muito pequenos para suas ambições. Havia ainda a questão do capital excedente e a necessidade de investi-lo em outras áreas do mundo, para o próprio desenvolvimento do capitalismo e para ganhar ainda mais dinheiro.
O desejo de ampliar os mercados compradores, assegurar fontes de matérias-primas e a necessidade de investir o capital excedente, foram fatores que impulsionaram os países industriais a reavivarem o colonialismo, implantando o neocolonialismo.
O impacto neocolonial nas economias africana e asiática
Impacto no sistema artesanal
O capitalismo da fase industrial transplantado pelos europeus para a África, Ásia e Oceania encontrou muitas das sociedades desses continentes vivendo em pelo menos três situações econômicas:
·        Economia natural – forma de organização econômica em que os bens produzidos se destinam a atender às necessidades dos próprios produtores, sem excedentes;
·        Economia de subsistência – produção agrícola e artesanal de bens de consumo imediato destinada ao mercado local, realizando trocas por outros bens;
·        Economia mercantil – organização de economia voltada para a produção de mercadorias.
Com a implantação do neocolonialismo, ocorreu uma profunda alteração dos sistemas produtivos locais.
O artesanato familiar e a semimanufatura foram praticamente destruídos com a entrada de produtos industrializados das metrópoles, o que foi o caso da Índia, que durante todo o fim do século XIX, entregava à Grã-Bretanha matérias-primas que devia comprar depois sob forma de produtos manufaturados.
A substituição do artesanato e da semimanufatura representou um grande impacto para os povos africanos e asiáticos. Criou uma ruptura, inibição e deformação de seu processo de desenvolvimento tecnológico de fabricação de mercadorias.
Impacto na agricultura
Na agricultura, os danos provocados pelo neocolonialismo também foram enormes.
Na fase pré-colonial, a forma de produção na África consistia na agropecuária praticada em pequenos lotes e na criação de pequenos rebanhos para atender às necessidades alimentares com base no trabalho familiar. A troca de produtos entre os camponeses e criadores de gado possibilitava um equilíbrio alimentar.
Não interessava ao conquistador a produção de gêneros alimentícios e sim a produção em larga escala de matérias-primas para abastecer as indústrias das metrópoles. A agricultura de produtos alimentares foi substituída pela agricultura de exportação.
Camponeses abandonaram suas terras e tornaram-se trabalhadores assalariados nas grandes plantações de algodão dos franceses.
A desestruração da organização produtiva agrícola original provocou desnutrição e fome. Mesmo após o processo de descolonização dos países africanos (em 1950, 1960 e 1970), a estrutura produtiva continuou voltada para abastecer o mercado externo.
A herança do neocolonialismo
Presos à divisão internacional do trabalho, os países africanos e asiáticos continuaram exportando bens primários, para obter os dólares necessários às importações dos países desenvolvidos, inclusive de produtos alimentares.
O papel exercido por suas elites, é bastante deplorável. As divisas obtidas com as exportações, não são aplicadas prioritamente na produção de alimentos ou na agricultura familiar e em outros setores para melhorar a vida de suas populações.
Os atuais países continuam alimentando, com suas riquezas, a acumulação do capital nos países centrais.
2- A segunda metade do século XX: desenvolvimento e subdesenvolvimento
O capitalismo monopolista e a expansão das transnacionais
O capitalismo concorrencial e monopolista
Durante a Primeira Revolução Industrial (1750-1850), o capitalismo era concorrencial, tinha por base a livre concorrência (cada produtor procurava fazer o melhor produto pelo menor preço para conquistar os compradores).
No auge da Segunda Revolução industrial (1870-1890), ocorreu a tendência à fusões e uniões entre empresas, dando origem à industria moderna e ao capitalismo monopolista, caracterizado pela substituição da livre concorrência pelo monopólio, pelo oligopólio e pela formação de trustes e cartéis.
O monopólio é uma forma de mercado em que uma empresa domina a oferta de um produto ou serviço que não tem substituto.
O oligopólio consistia que um pequeno número de empresas, domina a maior parte da produção e da distribuição de determinado bem ou serviço.
Em ambos os casos, são usados procedimentos para tirar do mercado empresas menores ou aquelas que não acatam o acordo estabelecido entre si.
Os trustes consistem na fusão de várias empresas cujas atividades se interligam.
Os cartéis correspondem a acordos comerciais entre empresas que, embora conservem autonomia interna, associam-se para distribuir entre si as cotas de produção, os mercados consumidores e determinar os preços dos produtos por elas fabricados ou distribuídos.
A expansão das transnacionais
Após a Segunda guerra Mundial e a recuperação dos países da Europa Ocidental, cujas economias ficaram arrasadas pelo conflito mundial, iniciou-se uma nova fase das investidas capitalistas. Deu-se uma nova divisão internacional do trabalho. Instalaram filiais de suas empresas nos países subdesenvolvidos.
Suas transnacionais se multiplicaram no Terceiro Mundo, imprimindo, inclusive, os valores da sociedade de consumo. A mão-de-obra barata, a abundância de matérias-primas, o mercado consumidor e as facilidades oferecidas pelos governos locais, foram fatores que atraíram as multinacionais, além de seu desejo de expansão mundial de mais poder econômico e financeiro.
Como resultado da penetração das transnacionais nos países subdesenvolvidos houve uma modernização. Estradas, aeroportos,... foram construídos para permitir a atuação das empresas. Deu-se a ampliação do mercado de trabalho, qualificação da mão-de-obra, urbanização, etc. Entretanto, foi uma modernização conservadora, que não beneficiou toda a população.

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