quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LIVRO - CAPÍTULO 7

Capítulo 7 – Países americanos com economias baseadas em produtos primários
1-Países e dependências com economias de base mineral
As economias americanas de base mineral dividem-se em dois subconjuntos:
·        Economias dominadas pelas transnacionais da mineração e do petróleo
·        Economias diversificadas, porém de base mineral.
Economias dominadas pelas transnacionais da mineração e do petróleo
As seis unidades políticas que fazem parte desse subconjunto (Trinidad, Tobago, Antilhas Holandesas, Aruba, Jamaica, Guiana e Suriname) foram incorporadas à economia mundial no século XVI, como áreas de fornecimento de matérias-primas para os países centrais. Atualmente, suas economias são dominadas pelas transnacionais do petróleo e da mineração da bauxita.
Países com economias diversificadas, mas de base mineral.
Estão Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e Chile. Esses países têm um setor agrícola importante, com culturas destinadas a abastecer os mercados interno e externo.
A atividade industrial desse grupo é bem menos intensa do que a de Brasil, México e Argentina.
A principal atividade econômica desses países, entretanto, na qual se apóia suas economias e suas exportações, é a mineração.
--Venezuela
A Venezuela é o sexto maior produtor de petróleo do mundo.
Desde 1918, empresas estrangeiras exploravam, refinavam e comercializavam o petróleo venezuelano, mediante um contrato pelo qual o governo venezuelano recebia um percentual sobre o faturamento. Gradativamente, porém, o governo foi aumentando sua participação nos lucros obtidos pelas transnacionais do setor.
Em 1960, o país participou ativamente da criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Em 1975, o governo venezuelano nacionalizou os poços, mas não conseguiu romper a dependência em relação ao refino, feito pelas transnacionais. Mesmo assim, a nacionalização dos poços propiciou maiores ganhos para o país, possibilitando, inclusive, um certo desenvolvimento industrial.
Em 1995, com o intuito de aumentar a produção petrolífera, o governo venezuelano decidiu romper o monopólio, permitindo que empresas nacionais e estrangeiras participassem da exploração de petróleo.
--Peru
A economia peruana tem por base os recursos minerais de seu subsolo. Toda essa riqueza mineral tem, entretanto, baixa cotação de preços no mercado internacional, representando, dessa forma, limitadas receitas para o país.
A indústria peruana, além de abastecer o mercado interno, destina-se à exportação para os Países do Pacto Andino (organização econômica criada em 1969 com o objetivo de impulsionar a cooperação entre os países da região – Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Chile).
A economia informal congrega boa parte da população peruana, que apresenta baixos indicadores sociais.
OBS: Economia informal, recebe esse nome vem do fato de que a maioria dessas unidades não é constituída de acordo com as leis vigentes, não recolhe impostos, não mantém contabilidade de suas atividades, utiliza-se geralmente de mão-de-obra familiar e seus eventuais assalariados não são registrados.
--Equador
Até o início da década de 1970, a economia do Equador tinha como principais produtos de exportação a banana, o café e o cacau. A partir de 1973, porém, o petróleo passou a ser o principal produto de exportação, além de ser o responsável pelo aumento das receitas. Em 1979, já com uma maior produção de petróleo, o Equador filiou-se à OPEP, da qual participou até 1992.
O Equador é formado por uma sociedade de grandes desníveis sociais, com parcela significativa de sua população vivendo na pobreza.
--Bolívia
O subsolo do território boliviano é rico em minerais. Porém, da mesma forma que o Peru, a Bolívia também enfrenta problemas no mercado internacional em vista do baixo preço desses produtos.
Na década de 1980, a queda do preço do estanho no mercado internacional abalou a frágil economia boliviana, provocando desemprego e várias crises políticas, econômicas e sociais. Em 1980 e 1986, o governo fechou várias minas. Milhares de trabalhadores das minas passaram a buscar trabalho e renda na clandestina indústria da droga. Com a crise, intensificou-se e ampliou-se a área de cultivo de coca.
OBS: Acredita-se que o aumento da área plantada de coca e do número de pessoas que se dedicam a essa atividade na Bolívia, no Peru, na Colômbia e em outros países está intimamente relacionado com o agravamento das condições sociais da população. Como a economia não cresce, os trabalhadores são estimulados a buscar essa atividade clandestina.
Desde 1993, o governo boliviano adotou uma política de erradicação do cultivo da coca. Isso criou conflitos entre os camponeses e o governo, porque representa uma renda para os camponeses, tendo em vista as precárias condições da economia boliviana.
Em 1992, os governos brasileiros e bolivianos assinaram um acordo para construir um gasoduto entre os dois países, por causa das grandes jazidas de gás natural existentes na Bolívia e das necessidades do Brasil dessa fonte de energia.
A importância econômica do gasoduto é grande para ambos os países. A Bolívia obtem receitas com a exportação de gás natural e o Brasil, detendo o fornecimento dessa fonte de energia, pode incentivar a instalação de novoa polos industriais, além de geração de empregos e formação técnica especializada.
A Bolívia não possui saída para o mar.
A Guerra do Chaco foi uma das guerras causadas por disputas de minerais da Bolívia com outros países.
As condições de trabalho nas minas de estanho da Bolívia, um de seus principais produtos de exportação, são difíceis. A condição em que vive a população é de extrema penúria.
--Chile
O Chile se diferencia no conjunto dos países latino-americanos por seus indicadores sociais. O Chile possui, juntamente com a Argentina e o Uruguai, o mais alto IDH da América do Sul.
Durante muitos anos, o cobre, principal produto de exportação do Chile, foi explorado por transnacionais.
A mão-de-obra barata nas minas de cobre do Chile atraía as empresas estrangeiras. Era vantajoso e lucrativo para as transnacionais explorar o cobre chileno.
Em 1971, as minas chilenas foram nacionalizadas pelo governo do presidente Salvador Allende. Ele nacionalizou também bancos e outros setores da economia chilena. A resposta não tardou. Créditos foram cortados e greves eram “fabricadas” por setores conservadores, que viam seus privilégios ameaçados. Produtores de alimentos para abastecer o mercado interno boicotavam o fornecimento, para dar ao povo a impressão de escassez de produtos.
Em 1973, ocorreu o golpe de Estado. Allende foi assassinado no palácio presidencial e instalou-se um governo ditatorial, que se estendeu até 1990. Prisões, assassinatos e desaparecimentos de pessoas tornaram-se comuns nesse período. Instaurou-se um ambiente de terror.
Em 1974, cerca de 150 empresas privadas que tinham sido estatizadas foram devolvidas a seus antigos proprietários.
Com a queda do preço do cobre no mercado mundial, no início da década de 1980, o Chile procurou estimular os setores agrícola e pesqueiro. Em pouco tempo, os produtos agrícolas passaram a ter grande participação nas exportações, diminuindo a dependência econômica do país em relação ao cobre.

2-Países e dependências com economias de base agropecuária
Dois conjuntos de países americanos com economia de base agropecuária.
América Central: aspectos gerais
As principais atividades econômicas concentram-se nas capitais e nos portos marítimos. No interior, praticam-se vários tipos de agricultura e predomina, em geral, a pobreza.
Na América Central continental, existem sete países independentes. As maiores concentrações populacionais nesses países localizam-se na porção central e na fachada do Oceano Pacífico, áreas mais favoráveis à fixação humana, do ponto de vista natural.
O Haiti é a única república negra fora do território africano, e Cuba, a única nação no continente americano que optou pelo socialismo.
Estruturas de dominação interna e externa ainda sobrevivem, de modo geral, na América Central e têm impedido mudanças sociais, políticas e econômicas, à exceção de Cuba. Portanto, há cinco séculos o povo centro-americano tem sido privado de melhores condições de vida.
O Haiti é o país que possui os piores indicadores econômicos e sociais.
O Canal do Panamá é uma grande conquista da engenharia para a navegação marítima. A obra do Canal do Panamá, porém, envolveu muitos interesses políticos e econômicos, principalmente dos Estados Unidos. Os Estados Unidos controlaram o Canal do Panamá de 1914 a 1999.
América Central: economia
A economia desses países assenta-se largamente nos produtos agropecuários e está voltada para o mercado externo. Predomina a concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos (são os latifúndios ou as plantations de herança colonial). As oligarquias rurais nacionais e empresas transnacionais ainda dominam vastas extensões de terra.
Esses países são muito dependentes dos produtos agrícolas, o que os deixa constantemente sujeitos às oscilações de preços do mercado mundial. A industrialização é fraca, e os setores são de grande invasão das transnacionais.

Países e dependências da América do Sul com economias de base agropecuária
Paraguai e Uruguai, juntamente com a Argentina, são tradicionalmente denominados países platinos. Esses países não sofreram um processo de colonização como as demais regiões da América. Foram efetivamente incorporados ao capitalismo mundial somente no século XIX. Isso porque os territórios dos atuais Argentina e Uruguai, em virtude de seu clima subtropical e temperado, não despertaram de imediato o interesse comercial dos espanhóis. Somente no século XIX, em virtude do crescimento populacional europeu, os dois países passaram à condição de fornecedores de produtos como o trigo.
--Paraguai
O Paraguai não ofereceu, a princípio, os recursos que interessavam ao capitalismo.
A economia paraguaia se apóia na atividade agrícola. Suas exportações dirigem-se principalmente para os países do Mercosul. Como o país não possui litoral, suas exportações são feitas pelo porto brasileiro de Paranaguá e pelo Rio da Prata.
Muitos agricultores brasileiros e também algumas empresas do Brasil têm se instalado no Paraguai, atraídos pelas terras férteis das planícies irrigadas pelo Rio Paraguai.
Além da agricultura, existe outra atividade econômica com a qual as autoridades paraguaias normalmente são tolerantes: o comércio ilegal de artigos importados. Esse comércio é fonte de emprego e de renda para muitos paraguaios.
--Uruguai
O Uruguai já foi um país próspero da América Latina. Ainda no final da década de 1950 existiam boas condições de vida para a maioria da população. Até esse período, os governos realizaram consideráveis investimentos sociais. Havia saldos positivos na balança comercial, devido às exportações de carne e de lã.
O Uruguai teve um relativo desenvolvimento industrial e de serviços.
A partir da década de 1960, porém, a economia uruguaia começou a ser abalada pela queda do preço da lã e da carne no mercado internacional. Diante disso, a oligarquia pecuarista passou a aplicar seus capitais no exterior e na especulação financeira e não mais na melhoria da produção.
Com o agravamento da situação econômica, o governo adotou medidas econômicas recessivas. A partir de então, o poder de compra dos assalariados declinou e o país começou a viver uma onda de greves e protestos.
Em 1973, as Forças Armadas deram um golpe de Estado, e o Uruguai mergulhou numa ditadura militar que durou até 1984; as dificuldades econômicas continuaram.
Na década de 1990, o governo uruguaio adotou uma política de privatização de sua economia, corte de gastos públicos e arrocho salarial. A economia, entretanto, continuou com altas taxas de desemprego e baixo crescimento. A participação do Uruguai no Mercosul provocou uma reação favorável na sua economia.
Atualmente, além de exportar lã, carne e couro, o Uruguai adotou uma legislação favorável ao estabelecimento de instituições financeiras, o que atraiu investimentos estrangeiros na área, levando o país a ter uma participação expressiva no setor bancário latino-americano.
--Ilhas Falklands ou Malvinas
...
--Colômbia
A história recente da Colômbia está marcada pela violência entre os proprietários de terra, os camponeses sem terra, a máfia da droga, os militares e a guerrilha.
A Colômbia é um país de latifúndios monocultores que se opõem aos minifúndios e aos trabalhadores sem terra.
Além da agricultura, o petróleo é explorado por várias empresas estrangeiras.
A vida nacional colombiana tem sido muito afetada pelo narcotráfico.
Na Colômbia, são os camponeses que plantam a coca, atraídos pelos salários pagos por traficantes. Na tentativa de combater o narcotráfico, em 2000, os Estados Unidos aprovaram o chamado Plano Colômbia, com o objetivo de acabar com o narcotráfico, já que contrariavam os interesses norte-americanos.
Cuba: um caso à parte
De 1934 a 1958, Cuba foi governada por um governo violentamente repressivo e ditatorial, que representava os interesses estrangeiros e os das oligarquias nacionais.
As praias e o clima faziam de Cuba um centro turístico. Enquanto isso, a maioria da população vivia em condições precárias.
A Revolução Cubana liderada por Fidel Castro derrubou o governo do ditador. O novo governo, sob o comando de Fidel Castro, inicialmente nacionalizou bens de empresas estrangeiros e implantou a reforma agrária; posteriormente, estatizou os meios de produção e implantou o socialismo. Assim, Cuba deixou de ser área de influencia norte-americana e passou a depender da ex-União Soviética, enquanto esta existiu.
No decorrer do tempo, o projeto socialista transformou-se em castrismo (governo castrado ou Castrismo é a designação coloquial do ramo da teoria política para o sistema político e econômico socialista implementado em Cuba por Fidel Castro e para as correntes que apóiam regimes semelhantes, principalmente na América Latina.)
Durante a Reforma Agrária, as terras pertencentes a estrangeiros e as que ultrapassassem o limite estabelecido foram expropriadas. As propriedades maiores e organizadas em bases empresariais passaram para o Estado, sendo administradas por meio de cooperativas.
Com a implantação do socialismo, nem todas as terras do país passaram para o Estado ou foram coletivizadas; manteve-se a propriedade privada da terra, distribuída em pequenos lotes. Essas pequenas propriedades são responsáveis por grande parcela da produção de gêneros destinados a abastecer o mercado interno.
Em 1976, a nova Constituição consolidou o sistema socialista da economia cubana, mas reconhece a propriedade privada e comunal de setores de agricultura.
Os grandes planos econômicos governamentais para a agricultura e a industrialização não obtiveram sucesso, mas Cuba realizou grandes avanços na área social.
A economia cubana encontra-se em dificuldades, pois o preço do açúcar caiu consideravelmente no mercado mundial. Tem contribuído muito para agravar o problema em Cuba o corte de ajuda econômica que o país recebia da então União Soviética.
Somado a isso, continua o embargo comercial dos Estados Unidos a Cuba, decretado logo após a Revolução Cubana, em 1959. Pelo embargo comercial, os Estados Unidos não compram os produtos cubanos e não vendem os seus ao país, afetando de forma considerável a economia de Cuba.
O governo realizou uma pequena abertura econômica em 1991, legalizando o trabalho dos artesãos e abrindo a economia aos investimentos estrangeiros no setor turístico.

Depois de cinco séculos de exploração e dominação externa e interna, os problemas básicos da América Latina não foram resolvidos. A América Latina e suas políticas fazem parte do grande conjunto de países subdesenvolvidos do mundo.
3-Economias americanas baseadas em produtos da pesca
Duas economias no continente americano possuem, como base de suas economias e de exportações, produtos de pesca. São constituídas por unidades políticas não-independentes: Anguilla e Guiana Francesa.
Além dos produtos da pesca, também se destacam outras atividades econômicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário