quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LIVRO - CAPÍTULO 6

Capítulo 6 - América Latina: países de industrialização tardia
1-A indústria ---
A industrialização do século XIX até a Segunda Guerra Mundial --
México, Argentina e Brasil, juntamente com outros países, são chamados de países de industrialização tardia ou retardatária, porque realizaram suas revoluções industriais bem mais tarde que os países desenvolvidos.
No século XIX, suas indústrias se concentravam basicamente no setor da indústria de bens de consumo não-duráveis, o que não estimula o desenvolvimento de outras indústrias, como ocorre em outros setores.
Tipo de indústrias:

As indústrias são classificadas em extrativa, de transformação e de construção.

A indústria extrativa se divide em extrativa vegetal, animal e mineral.

A indústria de transformação divide-se em indústria de bens de consumo não-duráveis, indústria de bens de consumo duráveis, indústria de bens intermediários e indústria de bens de capital ou bens de produção.

A indústria de construção é responsável pelo planejamento e construção de casas e edifícios. A indústria de construção pesada é voltada para rodovias, aeroportos, túneis, pontes e usinas hidrelétricas.


No século XX, houve um relativo desenvolvimento industrial na América Latina, em decorrência, principalmente, de três acontecimentos: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial (1939-1045).
Durante a Primeira Guerra Mundial, Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos, tradicionais fornecedores de produtos industrializados para a América Latina, diminuíram suas exportações para a região e canalizaram seus recursos para a guerra. Isto estimulou o desenvolvimento industrial do México, do Brasil, da Argentina e de outros países da América Latina, que passaram a produzir alguns artigos industrializados para abastecer seus mercados internos.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia dos Estados Unidos apresentou grande desenvolvimento. Ao final da guerra, quase toda a Europa passou a dever para os Estados Unidos, com exceção da União Soviética.
Em 1929, a Europa diminuiu suas importações, o que desequilibrou a economia dos Estados Unidos. Não tendo para quem vender sua grande produção agrícola e industrial, muitas empresas estadunidenses faliram. Esse fato ficou conhecido como Crise de 1929.
A Crise de 1929 acabou provocando uma crise mundial, devido à grande quantidade de países que dependiam da economia estadunidense.
Os países da América Latina tiveram uma queda em suas vendas. Com menos capital, não podiam mais importar produtos industrializados para atender a suas próprias necessidades. Essa situação estimulou a expansão do setor industrial dos países latino-americanos.
A industrialização após a Segunda Guerra Mundial
A industrialização de 1945 a 1980
Após a Segunda Guerra Mundial, houve uma nova divisão internacional da produção. As grandes empresas norte-americanas e européias começaram a se instalar em países da América Latina, África e Ásia. Seis fatores contribuíram para isso:
·        Mão-de-obra abundante e barata;
·        Fragilidade das organizações sindicais dos trabalhadores para combater os baixos salários;
·        Matérias-primas também abundantes;
·        Ampliação do mercado de consumo, representado por uma crescente classe média urbana;
·        A construção de infra-estrutura por parte de alguns países subdesenvolvidos;
·        A necessidade de expansão do capitalismo do centro para a periferia do sistema, como condição para a sua sobrevivência.

Assim, no período de 1950 a 1970, ocorreu uma intensa internacionalização da economia da América Latina, por meio da crescente participação de poderosas empresas multinacionais.
Os investimentos estrangeiros chegaram a diversos ramos, permitindo que, por volta de 1980, esses países completassem a Segunda Revolução Industrial.
De 1980 até os dias atuais
Diante do baixo crescimento da década de 1980, organismos internacionais propuseram aos países subdesenvolvidos algumas medidas que promoveriam o desenvolvimento econômico e social. Entre essas medidas estavam: privatização das empresas estatais, abertura de suas economias para o exterior e desregulamentação da economia.
Como resultado, ocorreu um surto de industrialização. Elas atraíram novos investimentos estrangeiros em diferentes setores da economia do México, Argentina e Brasil... acompanhados de intensa desnacionalização de suas economias. No entanto essas medidas obrigaram as indústrias nacionais a passar por um processo de modernização, para poder competir com os produtores de outros países.
Os obstáculos para a plena inserção da Revolução Industrial decorrem principalmente da falta de investimentos por parte tanto do Estado quanto da iniciativa privada, em pesquisas científicas e tecnológicas.
México: distribuição espacial da atividade industrial
Na década de 1960, com o objetivo de atrair indústrias nacionais e estrangeiras, o governo mexicano criou na fronteira com os Estados Unidos, uma zona franca, com legislação especial. A criação da zona franca foi bem recebida pelos empresários estadunidenses, que viram várias vantagens na iniciativa.
A partir dos anos 1960, começaram a se instalar nessa zona franca indústrias maquiadoras, unidades industriais que apenas montam o produto final com componentes fabricados em indústrias de outros países, principalmente dos Estados Unidos.
Com a implantação do NAFTA (Associação de Livre Comércio da América do Norte), assinado em 1993 por Canadá, Estados Unidos e México, as indústrias maquiadoras se espalharam pelo território mexicano, pois esse tratado aboliu as restrições aos investimentos produtivos estrangeiros no país, além de eliminar e reduzir as tarifas alfandegárias sobre a importação e exportação de produtos entre os países-membros.
Com o Nafta, a economia mexicana apresentou um grande crescimento.
O caso Chiapas
Apesar do Nafta, os problemas sociais no México são grandes. No sul do país, onde está a região de Chiapas, a população vive em condições precárias. A população dessa região se rebelou em 1994, reivindicando seus direitos por meio de luta armada. Seus líderes organizaram o chamado Exército Zapatista.
Argentina: distribuição espacial da atividade industrial
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2-Agropecuária
México: agropecuária
Cerca de um quarto da população economicamente ativa do México encontra seu meio de vida na agricultura.
Em toda a América Latina, a grande propriedade rural teve origem no período colonial.
As grandes propriedades mexicanas são conhecidas como haciendas e surgiram do sistema de encomienda. Existiam também as terras comunais indígenas chamadas de ejidos, que, a partir de 1856, grandes proprietários criaram leis para reafirmar seus privilégios e garantir a posse das terras, o que causou em uma maior concentração de terras nas mãos de poucos proprietários.
A Revolução Mexicana de 1910 foi uma resposta ao governo ditatorial que favorecera a concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos, porém, somente em 1934, a reforma agrária foi implantada em maior escala.
Os problemas relativos ao campo continuaram, a baixa produção agrícola obrigava o país a importar alimentos para atender a população.
Entre 1958 e 1964, ocorreu a redistribuição de terras sob a forma de propriedade individual, melhorando significamente a produção da agricultura de alimentos e da agricultura de exportação.

Grande penetração de empresas transnacionais de alimentos
Grandes empresas transnacionais de alimentos têm se estabelecido no México.
As grandes empresas estadunidenses preferem o México, onde podem ter mais lucros, uma vez que a terra e a mão-de-obra são mais baratas. Além disso, a proximidade do mercado consumidor facilita o negócio.
Assim, a alteração da produção agrícola local e sua substituição por culturas agrícolas determinadas pelas transnacionais acabam por agravar ainda mais os problemas de fome e desnutrição no México.
Argentina: agropecuária
A atividade agropecuária é muito importante na Argentina, representando cerca de 50% do valor total das exportações.
Podem-se distinguir duas grandes regiões agropecuárias na Argentina. A região pampeana compreende uma grande área de terras extremamente férteis. É grande a produção de trigo e milho, assim como a criação de bovinos e ovinos na região, já que o relevo plano permite a mecanização da agricultura, e os campos são excelentes para a pecuária. A grande região extrapampeana apresenta condições naturais diversificadas, já que a umidade diminui o que exerce influência sobre os tipos de cultura praticados.
3-O Mercosul
O Mercosul é um projeto comercial, cujo objetivo é chegar à criação de um mercado comum entre o Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Entende-se por mercado comum a associação comercial entre os países, tendo por base a eliminação de tarifas alfandegárias, cotas de importação, livre circulação de pessoas, capitais e serviços. Porém, ele não se encontra plenamente implantado como mercado comum.
Membros associados ao Mercosul, como o Chile e a Bolívia, participam dele, mas não adotam a tarifa externa comum (TEC).
Á medida que ocorreu a desvalorização do real, os preços dos produtos argentinos, paraguaios e uruguaios no mercado brasileiro aumentaram e, em conseqüência, o Brasil reduziu suas importações desses países. As conseqüências para a Argentina foram drásticas. Em decorrência, o comércio entre os países do Mercosul declinou, mas manteve-se muito acima do que era no início dos anos de 1990.

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